Cão que ladra não morde? Semana da Reatividade e Agressividade em Cães
Vem conferir o post de introdução sobre o tema, de uma série de conteúdos que vou trazer sobre Reatividade e Agressividade aqui e no Instagram @carlaruas
Por Carla Ruas dia em Blog
Vocês votaram na nossa última LIVE para falarmos essa semana de Reatividade. Hoje já introduzi sobre isso nos Stories e vou continuar a nossa conversa aqui, introduzindo o tema com a pergunta de um seguidor: O que torna um cão reativo? Como isso aparece?
Importante entender que reatividade são as reações fora do controle, exageradas de um cão, em determinado contexto, com determinados estímulos.
Nem sempre, um cão que ladra (reativo) realmente morde (agressivo), mas essa expressão popular com certeza é em absoluto equivocada.
Cão que ladra também morde, mas avisa! Todo cão emite sinais. Latir não é valentia, é medo!
O cão que ladra pode AINDA não morder, mas essa é uma possibilidade para TODO e QUALQUER cão, é um comportamento da espécie em situação de perigo iminente (entenda perigo pelo ponto de vista do seu cão e não seu. A interpretação de “inofensivo” ou “bobo” de acordo com nosso ponto de vista não leva a entender o perigo para o ponto de vista dos cães. Pode ser uma vassoura, um aspirador de pó, fogos de artifício, outros cães e pessoas, etc.)
Não é “falta de índole”, não é “cão maldoso”, não é “cão que não gosta de mim” ou assim por diante.
Coisas muito usuais de serem ditas por pessoas que veem um cão reagindo e atacando, pois não fazem ideia de que isso é uma forma de defesa e não uma questão de caráter ou ética. Essa é uma visão distorcida sobre o que rege um animal impondo características e valores humanos, ou seja, a humanização.
É um desafio comportamental que precisa da correta visão e ação para acontecer as mudanças. Ou seja:
- Não adianta acreditar que punir resolve: achar que interromper as reações do seu cão nos gritos ou nos trancos é a solução é não fazer ideia do que é suprimir linguagem corporal e não diferenciar ausência de sinais com estado emocional realmente tranquilo e positivo. O que afundou o Titanic não era a pedra de gelo por cima do mar, mas toda a estrutura que havia debaixo, invisível.
Isso significa que a linguagem corporal do seu cão é um sinal do que temos que olhar mais profundamente.
Caso contrário, você fica enxugando gelo. Nós vamos para as bases do comportamento.
- Não adianta achar que “se acostuma”: expor demais é uma falha na socialização e NÃO É SOCIALIZAÇÃO. Se não tiver qualidade, com um entendimento sobre como a experiência está sendo positiva e construtiva para aquele cão, você só está construindo MAIS REATIVIDADE.
- Não adianta que achar que comandos são só pra fazer graça para as visitas: Treinamento é Relacionamento. É construir comunicação, é estimulação cognitiva, é capacitar e habilitar seu cão a ter auto controle, ou seja, menos ansiedade, ou seja, menos excitação e frustração.
A ansiedade permeia toda a reatividade, independente dos fatores que influenciam, por isso trabalhamos nestes “gatilhos” que antecedem às reações excessivas negativas de comportamento.
Vamos agora entender os fatores que influenciam os comportamentos de um cão:
- Biologia: Genética, Hormônios e até problemas de saúde crônicos.
- Ambiente: Local de convivência e estímulos presentes nos ambientes que o animal frequenta e vive.
- Rotina: o equilíbrio das atividades que o cão executa no dia a dia
- Relacionamento e Aprendizados: a forma como ensina seu cão, como se relaciona com ele na rotina, o que reforça e o que pune (mesmo não sendo o ideal, é preciso listar as punições, se houver)
- Socialização: qualidade da exposição diante dos mais variados estímulos
Isso tudo forma as Características do Indivíduo, que serão os comportamentos e estados emocionais mais aptos e mais acessados por aquele cão.
Sendo esses fatores, é o desequilíbrio em uma ou mais áreas de influência que pode trazer a reatividade na vida de um cão. Agora, pense em todas essas influências e em quais condutas você deve remodelar para trabalhar comportamentos mais equilibrados em seu cão.
Vamos focar no que podemos fazer, aonde devemos agir.
Mesmo nos casos mais delicados, que contamos com o apoio de medicamentos complementares, os efeitos só fazem sentido se houver todo o trabalho comportamental.
Ou seja, mãos à massa porque não tem pílula magica que resolve reatividade e muito menos não há caso que não tenha o que ser feito! :)
Fica ligado nos próximos posts!