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Coluna #12 WOW PetCoaching: Como empreendi, me empoderei e me reconheci na luta de todas nós

Sobre minha trajetória como mulher em um mundo dominado por homens. Será que foi sempre fácil?

Por Carla Ruas dia em Blog

Coluna #12 WOW PetCoaching: Como empreendi, me empoderei e me reconheci na luta de todas nós
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Entre tantas bandeiras de luta que ergui até então, a feminista nunca foi uma delas. Sempre acreditei em meu potencial como humano, independente de sexo. Nunca considerei meu gênero limitador para as minhas conquistas, qualquer que fossem os anseios alheios da sociedade.

Isso pode ser muito pelo fato de nunca ter sofrido um assédio, digamos, enfático, não ter sofrido nenhuma opressão sexista. Sempre me senti blindada em relação a isso.

Na verdade, com o tempo, eu descobri que, não é que eu era blindada, mas que meus olhos estavam blindados para as sutis e até escandalosas diferenças de gênero.

Sem histórico de assédios no trabalho - talvez minha ingenuidade possa ter me tirado a capacidade de enxergá-lo, percebo que claramente ele faz parte do meu dia a dia naquelas olhadas, palavreados e assobios que tão bem conhecemos (apenas PAREM!).

Nas questões profissionais não via tal diferença e nas questões pessoais nunca deixei o mínimo assédio me rebaixar. Na verdade, o que eu fazia era aceitar, como condição feminina, sem deixar me abalar. O que foi um erro, mas a nossa voz, até então, era uma, quando era alguma coisa.

Hoje, a voz de uma é de todas nós.

Enfim, com todas as minhas bandeiras e lutas, construí uma carreira sólida na área de marketing, alcancei minha independência financeira desde os 20 anos, morando sozinha desde os 18, longe da família e de minha cidade natal. Conformismo nunca fez parte de minha vida.

Com mais consciência sobre mim, algumas decisões difíceis e necessárias vieram:

Terminei um relacionamento e, quando tudo parecia o começo de uma nova fase com mais clareza, algumas pessoas que me amavam mostravam certa "preocupação" com o fato de estar sozinha.

Como se precisasse de um apoio do sexo oposto, nem que fosse para me "aquietar". Neste momento, por mais sutil tenha sido aquele discurso repleto de amor, preocupação e, sim, machismo, eu percebi o que estava presenciando. Ponto superado.

Acabei realmente encontrando meu digníssimo companheiro atual, mas longe de ser por carência afetiva ou por qualquer necessidade, muito pelo contrário, foi no momento em que mais me sentia completa em meu relacionamento comigo mesma.

Com essa clareza e autoconhecimento que venho buscando e conquistando, pouco a pouco, a vida profissional foi perdendo todo sentido: toda luta, stress e toda essa busca que não parecia me levar a algo que realmente acreditasse... Para que tudo isso?

Aí enxerguei que dinheiro nenhum é resposta e, se fosse, aí sim o caminho estaria ainda mais perdido.

Drasticamente, mudei de carreira. Larguei a bunda na cadeira e o ar condicionado, as férias remuneradas e o salário fixo. Passei a andar de cliente a cliente, sob sol ou chuva. A ir atrás de cada centavo que traria meu sustento, sem certeza alguma que amanhã ele viria novamente (mas precisava vir, pois a independência financeira que havia conquistado não estava em negociação e não era mais uma questão de escolha).

Passei a encontrar a paixão e o propósito, no cenário que a sociedade pode considerar o "menos propício", diante muitas dificuldades e, sim, machismo.

O estereótipo do profissional de adestramento é o homem, de preferência forte, que "dá conta do recado". Eu sou bem o oposto dessa imagem, mas meus valores buscaram nesse conflito a razão para explicitar as diferenças entre um trabalho que se acredita ser braçal e isolado, para um trabalho que é mental, empático e colaborativo, construído junto com toda família do animal de estimação.

A realidade de uma empreendedora não é fácil. Porque, se já não é pelo fato de ser empreendedor, quando nos referimos à mulher, nunca falamos só da vida profissional.

Seja por aprendizado, talento, dom ou qualquer coisa do gênero (sem generalizar ou excluir homens que assim o são), somos independentes e queremos cuidar de tudo ao nosso redor, interno e externo, não abrimos mão. Desde o corpo, da beleza, até da espiritualidade e da família. Das tarefas de casa, fazendo o almoço pensando no jantar, porque senão, as contas não fecham.

Em mais um passo de evolução, entendi que ser mãe não é uma necessidade minha, não é uma escolha que faço para o meu futuro hoje. Mais um peso que veio até mim: "Como uma mulher não quer ser mãe?"

Parece que meu propósito se guarda a este papel, como se não houvesse outras tantas belas maneiras de auxiliar na evolução e crescimento de tantos seres que vivem neste mundo. Como se meu futuro e minha velhice estivessem comprometidas por essa escolha. Mais uma das escolhas que refletem em dores sutis e assombram as mulheres.

Mas esse texto não é sobre dor, é sobre busca.

A trajetória de ninguém que busque o melhor para si será construída apenas com cortejos.

Porque essa luta definitivamente irá contra muitos preceitos sociais, crenças limitantes familiares e desmistificação de muitas coisas que carregamos dentro de nós.

Mais recentemente, veio um aprendizado sobre a nossa luta, no melhor estilo "tapa na cara". Assisti uma entrevista de Anne Hathaway em que ela, toda trabalhada no feminismo, revelou sua misoginia "internalizada" em relação à diretora Lone Scherfig, no filme One Day.

"Quando vejo um filme, um primeiro filme dirigido por uma mulher, eu focava no passado, no que estava de errado com ele. E quando vejo um primeiro filme dirigido por um homem, foco no que está certo com ele..."

Uau. Quantas de nós podemos estar fazendo isso e até sofrendo com isso, sem ao menos saber ou ter total clareza?

Apontando o dedo, jogando pedras, condenando atitudes, menosprezando pessoas, selecionando serviços, escolhendo produtos, gostando (ou não) de pessoas, delegando tarefas, sorrindo (ou não)...

Enfim, tudo isso pode estar sendo feito com base em apenas um único, inexplicável e desqualificado critério: o sexo.

Hoje sei que orgulhar-se por nossas conquistas, compartilhar e gritar por nós, mulheres, não é uma questão de escolha "ser feminista ou não", é uma questão de empatia e admiração, acolhimento e orgulho.

O sexismo está longe de ser deixado de nossa história e só nosso orgulho falará mais alto. Só nossa história, de luta e conquista, poderá deixar o legado que sim, nós podemos.

Muito obrigada, mas não somos obrigadas a nada.

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