Coluna #2 WOW PetCoaching: Ser Presente

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Me deparo com um sofrimento presente e constante em todos nós. E, não sei se é até pior, mas ele não traz tamanha dor ao ponto de torná-la consciente.

Ela é a alfinetada no Ser e, de tão sutil, permanece como um hábito.

Um dos pontos que mais amo perceber é como os aspectos gerais da vida, como esse, é refletido em nossa vida com os cães. A desconexão aparente é mais parte do problema ou solução que nem conseguimos imaginar.

Ainda lendo o livro O Poder do Agora, de Eckhart Tolle, encontrei uma ponta de luz para as principais angústias e reclamações de todo dono de cão: "Estou muito cansado para passear com ele" , "Não tenho tempo de me dedicar a essas tarefas com meu cachorro" ou ainda "Isso vai dar muito trabalho".

Eu concordo. Afinal, como discordar de um estado tão particular, do qual eu não faço parte? Sinto que a dor, essa que falei no começo do texto, se faz presente.

Sei que é algo surreal falar que nossas responsabilidades não trazem peso, mas será que era pra ser assim, do jeito que é?

Podemos questionar o peso (ou leveza) que queremos dar a elas.

A mente, ao meu humilde ver, é a questão de tudo. Dia após dia, ou melhor, minuto após minuto, trabalhamos condicionando nossos cérebros, assim como trabalhamos basicamente com o condicionamento em cães, por ser extremamente eficiente, fazemos isso conosco.

Nosso dia espera às 18h, nossa semana espera seus finais para descanso. Nossos dias esperam a noite. Nossa vida espera por nós. No futuro, nunca presente.

Não enxergamos o quanto condicionamos a mente ao cansaço, ao estado de espera e à falta de prazer pelo estado atual.

Acredito que os cães tenham uma forma interessante de nos mostrar o poder de nossas escolhas e de nossas atitudes neste exato momento.

Podemos achar culpados em tudo, menos em ter um cachorro em nossas casas. Eles não surgem em nossas vidas sem que façamos essa escolha.

Está claro que ainda não estamos plenamente conscientes das questões essenciais que envolvem cuidar deles. Aliás, não estamos conscientes de muitas escolhas que fazemos. E tudo bem, assim confrontamos a zona de conforto de nossa mente com as novas tarefas do dia.

Ter ciência de tudo, por muitas vezes, é como nunca sentir-se pronto.

Esse confronto precisa trazer um vencedor, mas não conjuntamente um sofrimento, isso se agregarmos algo inesperado a esse momento: a entrega do Ser Presente.

Todas as necessidades básicas do cão pedem isso. Pedem leitura corporal, monitoria (e não só olhar), pedem entrega nas interações (e não só descarga de energia e emoções).

São momentos que não serão eficazes se você não viver plenamente neles, ciente de cada sinal de seu cão e de cada atitude sua. Alguns comportamentos indesejados, como pular, são facilmente desconstruídos no simples fato de se fazer presente: o que você faz no exato momento quando ele pula? Encontramos a recompensa imediata do cão no carinho e afago do dono.

Retiramos a recompensa e desmontamos um comportamento.

Isso não significa que é fácil e muito menos rápido. Ser simples é das partes a mais complexa, porque nessa simplicidade mora mais responsabilidades: torna-lá rotina, até consolidá-la em um novo hábito.

Uma mente condicionada sempre irá pedir por aquilo qual foi treinada anteriormente e só estando no presente, consciente de nós mesmos, é que criamos consistência.

O desafio é fazer com que nos entreguemos mais a eles e ao Agora. E isso, com certeza, não se limita só aos cães.

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