Latidos: onde moram as Falhas e o que fazer?
É hora de agir!
Por Carla Ruas dia em Blog
Entendendo o porquê de não utilizar punições para latidos ou qualquer que seja o problema de comportamento que seu cão tenha, agora podemos falar sobre as estratégias para os latidos.
Lembrando que tenho outros textos aqui no blog sobre o tema Latidos: neste texto eu falo sobre o #DesafioPC com o caso da Kamila e sua cachorra rainha dos latidos para tudo, a Belinha. Clique aqui para ler.
Neste outro texto falo sobre o Caso da Petit, um atendimento presencial que trouxe muitas lições valiosas. Clique aqui para ler.
Para agora, busquei reunir as principais falhas das pessoas com seus cães que geram os principais problemas latidos.
Vale ressaltar que uma falha não anula a outra, pelo contrário, uma acaba levando a outra e muitas vezes os casos são as somatórias de todas elas.
Vamos lá:
Falha no passeio: o passeio é caracterizado por tensões na guia, cheirar as coisas da rua arrastando seu tutores, ficar extremamente ansioso para sair ao passeio, comportamentos efusivos que retratam qualquer desequilíbrio emocional diante do estímulo. Os latidos vem sem padrão aparente e para estímulos variados. Falha resultante de outras falhas a seguir.
O que fazer: treinar guia + coleira como equipamentos para obediência e comunicação. Responder aos comandos antes de sair de casa os torna mais tranquilos e os treinos tem o grande papel de medir a temperatura de ansiedade do cão, assim como agir na diminuição da "febre".
Privilegie guias sempre maiores de 1,80cm de comprimento. Isso porque tudo isso que ele quer fazer no passeio, cheirar e explorar principalmente, está intimamente associado à tensão na guia. Ou seja, ele associa toda atividade externa com guia tensionada e se arrastando ao máximo para ter acesso. Essa tensão na guia, tensiona (literalmente) não só os cães, como a gente também e toda nossa linguagem corporal que é a principal forma de compreensão dos cães sobre nós. Com tudo elevando a temperatura da ansiedade, a chance dos latidos virem é altíssima.
Por isso, construir os treinos de passeio é tão importante para que a gente mesmo treine uma linguagem corporal reforçadora e tranquila (não intimidadora) para o cão.
Falha na rotina de Estimulações: A rotina do cão não é consistente e os passeios não parecem suficientes. O resto de sua rotina segue dentro de casa sem desafios e recurso extras de Enriquecimento Ambiental. O cão não é incentivado a brincar e gastar energia com seus tutores. A alimentação está sempre disponível e no potinho.
O que fazer: É só fazer tudo ao contrário, basicamente. Entender que trazer o Enriquecimento Ambiental na hora da alimentação é um aliado nosso e dos nossos cães e não um inimigo,como muitos imaginam ser "judiação" deixar a comida nos brinquedos comedouros, por exemplo.
Vejo muita falha na estimulação de brincadeiras e brinquedos,em que não há uma rotina saudável e diária em relação a isso.
Os estímulos sociais que ele gosta e consegue ter contato sem latir demais podemos procurar alternativas saudáveis, como espaços pet cercados em horários tranquilos, para soltá-los um pouco da guia caso seja o principal gatilho de latidos, ida a locais públicos espaçosos que deem ao cão a experiência de passeio (e de treino) em diferentes cenários (todos que são tolerados pelo cão).
Os treinos são uma das estimulações Coringa importantes na Rotina.
Enfim, o que eu chamo de Roda da Qualidade de Vida Canina deve estar sendo trabalhada para melhorar a canalização de energia do cão, o que torna os latidos desnecessários já que outras coisa bacanas gastam sua energia, não há acúmulo de energia nem de strees, há o cansaço positivo e bem estar.
E deve ser consistente, por isso a Rotina é algo mágico. Acontece com repetição, a resposta vem.
Essa falha em um ou todos os pontos da rotina representa mais de 60% dos casos de latidos. Se não é o ponto responsável, é um ponto extremamente impactante na mudança de outros significados de latidos.
Falha no Relacionamento: é a tal falha em achar que "mimamos" demais nossos cães, não nos atentando ao que estamos reforçando e ensinando a eles, muitas vezes querendo algo e reforçando e ensinando algo totalmente contrário. Queremos que não latam para nós, mas sempre acabam ganhando algo de nós com esse comportamento indevido: jogamos o brinquedo, damos um pedacinho de pão, fazemos carinho, colocamos na cama, damos atenção (mesmo que bronca!) e assim vai.
As trocas tem base na vocalização, algo muito comum para cães de pequeno porte, que acabam sendo mais notados dessa maneira.
O que fazer: reavalie postura e estrutura do relacionamento. Você só está reagindo aos latidos! Você está sabendo evitá-los, construindo possibilidades de não serem mais a grande chave de comunicação entre vocês em todo e qualquer momento? Essa troca de chave vem com os treinos, que são como pontes positivas para eliminar os latidos e trazer algo novo melhor para todos.
Falha na Socialização: cães que perderam a janela de socialização quando filhotes e não aproveitaram essa fase de ouro com experiências positivas e saudáveis ou até cães que eram sociáveis até alguma experiência traumática e acabam por usar a vocalização como uma das formas de afastar outros cães/pessoas/objetos/sons etc.
O que fazer: Evitar a exposição ao que deixa ele inseguro e estressado e buscar o treinamento positivo para habilitar seu cão a ver outros cães/pessoas/objetos/sons como algo bom, tornando totalmente desnecessário ameaçar e afastar o estímulo com latidos ou qualquer outro comportamento.
Falha no Autocontrole: o cão não tolera esperar para ter acesso ao recurso que deseja. Ele simplesmente late assim que vê que existe qualquer obstáculo mínimo que seja entre ele e seu reforço. Pode ser um momento que você deixa de dar atenção, seja uma brincadeira que ele tenha que esperar, seja uma comida que ele queira ganhar naquele momento, seja cheirar o outro cão, seja facilitar qualquer desafio.
Mesmo um cão sociável pode apresentar estes latidos: "eu não tolero ver um cão sem não poder ir cheirar e investigar" e um cão não sociável: "eu não tolero ver um cão sem ter que agir e atacar".
Essa falha está integrada com a falha de Relacionamento, Socialização e/ou de Rotina. O que ela sinaliza é um critério de treino gradativo e motivador para os treinos específicos de autocontrole, além de, é claro, ausentar qualquer reforço aos latidos. Esses treinos trazem ao cão a capacidade de esperar e redirecionar o comportamento diante do não acesso.
O que todas as falhas nos convidam a fazer está concentrada na sentença: "Gestão de Ambiente e de Reforços"
Isso significa que antes dos latidos acontecerem, temos meios e alternativas para evitar e planejar a situação, se antecipando ao problema.
Alterações no ambiente, no relacionamento e na rotina com nosso cão são fundamentais.
Podemos não saber como, mas as possibilidades existem.
Seja não passear em horários muito agitados que sabemos que vai fazer ele latir, seja não permitir acesso à janela, portão, grade que faça ele latir.
Além desse gerenciamento, há o convite para agir na troca dos latidos por outro comportamento aprendido, capaz de dar mais "vantagens" em todos os aspectos ao cão.
E aí? Topa o desafio de comentar aqui qual seu desafio e o que pode fazer para evitar o erro?